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           WHITMAN

                     e a

               GUERRA FRIA

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Há muito o Peixe-Vesgo desconfia não haver muito interesse em se analisar seus recursos de clemência, ou até, o que seria pior, que se houvera, na confusão dos escaninhos, perdido toda a papelada contendo os detalhes das audiências de custódia, dos depoimentos da acusação, e das contra-argumentações da defesa que, embora lhe parecessem frágeis e sem muito nexo, em caso de extravio, demandaria novas argumentações e ofícios e assinaturas, e prazos e, enquanto isso, ele ali apodrecendo a cada dia, catando guimbas imaginárias e esperando santos desejados e reis de Algarve, que jamais se davam conta de gente como ele, Peixe-Vesgo.

Peixe-Vesgo há muito era desejoso de liberdade, mas brandava sua vontade como quem clama uma quimera, posto que, desde que se tinha como gente, jamais a havia desfrutado. Assim como jamais havia desfrutado o beijo de um lábio, ou o fruto doce do tamarindeiro. Liberdade era, assim, como o sabor de um pomo nunca antes deleitado.

-Hey, enfim El Rey está de volta, e a salvação aos conversos e a libertação aos esquecidos! Redimir os circuncisos e os pagãos e os mestiços. Enfim o gosto doce do fruto do tamarindeiro!

(Dom Sebastião e o Arquétipo, conto em Whitmam e a Guerra Fria, de Iberê do Nascimento)

 

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Carijós

ISBN 978-65-5822-044-2

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