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Foto do escritorIberê do Nascimento

Malcolm X - Uma vida de reinvenções

Atualizado: 6 de jan.


Autor: Manning Marable.

Tradução: Berilo Vargas

Companhia das Letras.

Premio Pulitzer 2012.


Consoante constritiva, fricativa, palatal, surda. O X se originou de uma letra utilizada pelos antigos semitas, que viveram na Síria e na Palestina. Os semitas chamavam sua letra de samekh, que significava peixe.

"X" pode ser também uma incógnita, usada geralmente em expressões matemáticas ou como expressão para dúvidas cotidianas, o X da questão.

"X" pode ser usado, também, como abreviatura de "contra" ou "versus". Avaí X Figueirense.

O pequeno Malcolm Little, aos 6 anos de idade, viu sua casa ser incendiada e o corpo de seu pai, Earl, mutilado e preso junto ao trilho de bondes em Lansing, Michigan. Possivelmente ações de supremacistas brancos. Sua mãe acabou internada em uma instituição para doentes mentais. Malcolm e os irmãos foram divididos entre vários lares adotivos e orfanatos.

Na escola, um professor disse: seu sonho de ser advogado é só um sonho se você é negro.

"Se é assim, eu tô fora".

Aos quinze anos abandonou a escola e foi aprender nas ruas. Seus professores foram os criminosos, ladrões, traficantes de drogas e cafetões.

Condenado por roubo (e outros pequenos e grandes delitos) aos vinte anos, permaneceu na prisão até a idade de vinte e sete anos. Nesse período, descobriu o Islã, mas um islã não ortodoxo, uma seita militante denominada Nação do Islã Perdida e Reencontrada ("Lost-found Nation of Islan" - NOI). Uma estranha ideologia pregava que os negros americanos eram a tribo asiática perdida de Shabazz, escravizada na América. E era preciso, para se converter, rejeitar o sobrenome de escravo, substituindo-o pela letra X. Mais tarde, como premio, o convertido receberia o seu verdadeiro sobrenome, ancestral. O de Malcolm haveria de ser Malik Al-Shabazz. Era o islã de um tal Elijah Muhammad, autodenominado profeta, bem diferente do islã ortodoxo das belas liberdades expressas em suras repletas de ensinamentos, em poéticas parábolas e paráfrases. Era o islã excludente, supremacista, patriarcalista, repleto de ódio ao demônio branco e aos negros "pai tomás".

Elegante e altivo como uma pantera, rápido no raciocínio da oratória, o carisma cintilante na pele negra do Harlem, Malcolm carregou as contradições do movimento negro: o Nacionalismo Negro isolacionista X o ativismo pelos direitos humanos anti-segregacionista.

Suas frases eram carregadas de inteligência e sarcasmo, e cada vez mais adeptos formavam a plateia para ouvi-lo.

Um cara assim haveria de ser muito invejado. Talvez até mais do que odiado.

Pouco importa: qualquer dos dois sentimentos podem ser fatais.

Os falcões do FBI eternamente monitorando suas ações.

Os grandes olhos da NOI rastreando seus passos.

Gente grande e branca certamente espiava pelos buracos dos capuzes.

Em 21 de fevereiro de 1965 aconteceu.

Ele era muito perigoso para durar!



Malcolm Little

Malcolm Red, do Harlem.

Detroit Red, dos ternos zoot suit.

X.

El-Hajj Malik al-Shabazz.

Todos estavam mortos.





El-


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